quarta-feira, 29 de abril de 2009

O que é Sociologia?

O que é Sociologia?

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O que é Sociologia?

Socialização das Crianças

Todas as sociedades humanas constróem brinquedos para suas crianças. Os brinquedos construídos e utilizados nas sociedades indígenas, no Brasil, variam de acordo com as matérias-primas encontradas no meio ambiente em que esses grupos vivem, sendo que os brinquedos mais comuns são feitos de palha, madeira ou barro. As mulheres Karajá costumam fabricar minibonecas de barro para suas filhas brincarem.

É muito comum também os adultos fabricarem para suas crianças dobraduras de palha, representando os animais da floresta ou elementos que estão presentes no dia-a-dia, como os aviões que sobrevoam as aldeias. Hoje também é comum as crianças indígenas pedirem aos seus pais bonecas e bolas de plástico quando estes vão às cidades.

Os brinquedos são, em geral, miniaturas de objetos do uso cotidiano de cada sociedade e têm como objetivo divertir as crianças e educá-las para o desempenho das tarefas que irão realizar quando adultas.

Nas sociedades indígenas, a organização do trabalho se baseia na divisão das tarefas por sexo. As crianças, desde cedo, aprendem a lidar com essa regra em suas brincadeiras e pequenas tarefas.

Os bebês, até aprenderem a andar, vivem aconchegados, junto ao corpo da mãe, no macio da tipóia de algodão, feita especialmente para carregá-los ou na rede. Já as crianças pequenas, de até 3 ou 4 anos, brincam com outras crianças de ambos os sexos e se divertem com seus brinquedos ou com algum cesto velho, já sem utilidade. Mas estão sempre próximas às mães, pois costumam ser amamentadas até essa idade. É comum, também, que uma irmã mais velha, adolescente, tome conta das crianças menores, enquanto a mãe prepara os alimentos.

A partir dos 4 anos, aproximadamente, uma menina Wayana e Apalaí, do norte do Pará, ganha de seu pai um pequeno cesto cargueiro, confeccionado com finas tiras do arbusto arumã, especialmente para ela. É seu primeiro trançado dos muitos que receberá ao longo de sua vida.

Cabe às mulheres e às meninas Wayana a utilização dos cestos e vários outros tipos de trançados para a realização das tarefas domésticas. Cabe exclusivamente aos homens e aos meninos Wayana e Apalaí a sua confecção. Com o seu cesto, a menina Wayana irá brincar e acompanhar a mãe, a tia e a avó à roça.

Através da imitação, brincando de arrancar batatas e transportando-as para a aldeia em seu cesto cargueiro, as meninas vão aprendendo o trabalho feminino, em especial o processo de fabricação do beiju, uma espécie de panqueca de mandioca muito consumida pelos povos indígenas brasileiros.

Os meninos Wayana, com aproximadamente 4 anos, recebem sua primeira tanga vermelha. De seu pai, recebem um pequeno arco e diversas flechas, com os quais irá brincar e se divertir. Por volta dos 7 ou 8 anos, os meninos possuem rede própria e já circulam sozinhos pelos arredores da aldeia. A independência em relação a sua mãe é completa podendo então passar a acompanhar o pai ou o irmão mais velho em caçadas, pescarias e incursões na floresta, dando início ao longo processo de aprendizagem das tarefas masculinas.

Os jovens devem exercer e dominar as tarefas próprias de seu gênero, masculino ou feminino, e de sua idade. As atividades que irão desempenhar na vida adulta lhes são ensinadas, ao longo dos anos, através do acompanhamento e da observação da realização das tarefas desempenhadas por seus pais, prestando-lhes também ajuda.

As principais atividades do universo feminino a serem aprendidas pelas meninas, que as exercerão plenamente quando adultas, consistem basicamente na plantação, colheita e conservação da roça, transporte de lenha e preparo dos alimentos, preparação das bebidas fermentadas, fiação do algodão, confecção de redes, cerâmica e educação das crianças.

As principais atividades do universo masculino a serem aprendidas pelos meninos, que as exercerão quando adultos, são basicamente preparo do terreno para o plantio, caça, confecção de arco e flecha, cestaria, confecção de enfeites plumários, construção de casas. Em geral, as atividades ligadas à pesca com timbó são realizadas por ambos os sexos.

O período de reclusão ritual a que são submetidos os jovens de ambos os sexos varia em cada sociedade. Esse período marca o término do que é considerado como adolescência, nas sociedades indígenas, que para as meninas acontece, geralmente, quando vem a primeira menstruação.
Ao atingir a puberdade, os jovens do sexo masculino e feminino devem se dedicar a aprimorar as técnicas de seus afazeres, pois estarão aptos para o casamento e, portanto, para a vida adulta, tendo-se completado o processo de socialização.

Nas culturas indígenas, o processo de socialização das crianças é considerado tarefa de todos, cabendo às mães e aos pais a orientação nas tarefas e comportamentos que a comunidade espera desse novo membro do grupo. Cabe às crianças brincar e ter sua mãe sempre por perto para protegê-las, sem jamais levantar a voz, brigar ou bater-lhes. Uma boa mãe e um bom pai educam com autoridade, desenvolvendo na criança a atenção e a observação pessoal, bem como a importância da repetição de uma tarefa até a sua plena aprendizagem. Cabe a todos desenvolver na criança o senso de responsabilidade e o respeito às regras sociais de sua comunidade.

Marechal Rondon

Cândido Mariano da Silva Rondon nasceu, em 1865, em Mato Grosso. Fez seus estudos elementares em Cuiabá, onde ingressou no Exército, graduando-se em Ciências Físicas e Naturais pela Escola Militar da Corte em 1890. Ocupou o cargo de professor-substituto de Astronomia e Mecânica, logo abandonado para engajar-se na Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Cuiabá ao Araguaia (1890-1898). A comissão, encarregada de construir 583 quilômetros de linhas de Cuiabá a Registro, na margem esquerda do rio Araguaia, passava pelo território dos índios Bororo que, vítimas de sucessivos massacres, se constituíam no principal obstáculo às comunicações entre Goiás e Mato Grosso. Nessa ocasião, Rondon efetuou suas primeiras ações junto ao grupo indígena, contatando os Bororo do rio Garças, com os quais manteve estreitos vínculos por toda a vida. A carreira do indigenista Rondon foi fortemente marcada pelas concepções positivistas.

A necessidade de proteger militarmente as fronteiras brasileiras e favorecer o progresso econômico resultou na organização da Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Mato Grosso (1900-1906) e da Comissão de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas (1907-1915), chefiadas por Rondon. Paralelamente aos seus objetivos estratégicos, essas comissões tiveram um papel pioneiro junto às populaçoes indígenas contatadas, demarcando suas terras e assegurando aos índios trabalho nas obras para a instalação das linhas. A segunda, conhecida por Comissão Rondon, destacou-se pelo seu caráter científico, dando origem a uma série de estudos elaborados pelos mais importantes especialistas da época. A Comissão Rondon teve sob seus cuidados o contato com grupos indígenas desconhecidos, permitindo o estabelecimento de um padrão de relacionamento com essas populações. Isso contribuiu para a configuração de um corpo de normas e técnicas de pacificação. Assim, foram "pacificadas" diversas tribos consideradas hostis como os Kepkiriwát, Ariken e Nambikwara. Estes tornaram-se exemplos de modelo rondoniano de indigenismo, sintetizado na legenda "Morrer se preciso for, matar nunca".

Evidenciava-se a necessidade da intervenção do Estado nas relações entre populações indígenas e sociedade nacional, intensificadas com a abertura de diversas frentes de expansão capitalistas. A polêmica envolvendo amplos setores da vida nacional sobre a regulamentação desses contatos levou, em 1910, o governo a criar o Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Para a direção geral, foi convidado Cândido Rondon, que conferiu à instituição as atribuições de assistência e proteção aos grupos indígenas dentro do princípio de respeito à diversidade cultural. Em 1939, o General Rondon assumiu a presidência do recém-criado Conselho Nacional de Proteção ao Índio, retomando a orientação da política indigenista, a fiscalização da ação assistencial do SPI e a vigilância dos direitos indígenas.

Em 1952, Rondon apresentou ao Presidente Getúlio Vargas o projeto de criação do Parque do Xingu e testemunhou a criação, sob sua inspiração direta, do Museu do Índio, destinado a coletar material sobre as culturas indígenas, produzir conhecimento e repassá-lo à sociedade brasileira como forma de combater os preconceitos existentes contra os indígenas.

Morreu em 1958, deixando como principal contribuição ao indigenismo nacional a formulação de uma política de respeito ao Índio e de responsabilidade histórica da nação brasileira pelos destinos dos povos indígenas que habitam o território nacional.

terça-feira, 28 de abril de 2009

MEC aprova obrigatoriedade da Sociologia e Filosofia no Ensino Médio

MEC aprova obrigatoriedade da Sociologia e Filosofia no Ensino MédioPortal Universia, 26/09/2006
No próximo ano, os alunos do Ensino Médio passarão a contar com um reforço em sua formação. Um parecer do CNE (Conselho Nacional de Educação), emitido em meados de agosto, tornou obrigatória a inclusão das disciplinas de Filosofia e Sociologia na grade curricular do antigo "colegial". A partir da publicação do parecer no diário oficial, as instituições, bem como os sistemas estaduais, têm um ano para apresentar os planos pedagógicos e implementá-los.
A medida, que reverte uma decisão tomada durante a ditadura militar, deve abrir um extenso campo de atuação para os profissionais das duas áreas. "O retorno da sociologia e da filosofia vai representar um avanço. São disciplinas contextualizantes que, bem trabalhadas, representam, de fato, uma formação mais ampla do ponto de vista intelectual para o jovem brasileiro", explica o relator do parecer, César Callegari, membro do CNE. "Será uma oportunidade para desenvolver o espírito crítico e também fazer com que este jovem se perceba não apenas como resultado do meio em que vive, mas também como potencial protagonista de mudança do próprio meio." A formação de profissionais com visão crítica do mundo em que vivem era um dos "horrores" da ditadura militar (veja mais no quadro à direita). Quando excluiu essas disciplinas da grade do Ensino Médio, o governo de então criou um sistema que, gradativamente, excluiu de quase toda a rotina de estudos dos adolescentes as duas matérias - não apenas não constavam da grade como não eram cobradas em vestibulares ou mesmo nos sistemas de avaliação do Ensino Médio. "A desvalorização destas disciplinas se deu nos últimos 15 anos de forma vigorosa também.
Mesmo no estado de São Paulo, as aulas de geografia, história e arte foram as preferidas para enxugamento de currículo do Ensino Médio, nascido de uma visão errônea de que as escolas públicas não tinham o desempenho adequado", conta Callegari. "Assim, organizou-se o currículo de maneira a concentrar o ensino em Matemática e Língua Portuguesa, deixando as matérias mais humanistas e estruturantes para uma outra oportunidade, que nunca viria. O resultado, mostrado pelo SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) é que o aprendizado de português e matemática também têm declinado, resultado da retirada destas disciplinas contextualizantes."
Com o fim da ditadura, muitas propostas foram formatadas, mas nenhuma havia obtido sucesso até agora. No final da década de 90, uma das propostas, estruturada pelo deputado Padre Roque (PT/PR) chegou a passar pela câmara e pelo Senado. Em 2001, quando chegou às mãos do presidente, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, foi vetada sob a alegação de que não havia profissionais para lecionar as disciplinas nas escolas do país. Para Callegari, no entanto, esse argumento não sustenta a recusa à medida e, acrescenta, o Ensino Superior terá papel relevante neste momento de adaptação. "Existem problemas, claro. Há a questão da falta de professores. Mas a carência numérica e de qualidade não é algo exclusivo da Sociologia e da Filosofia. Faltam 180 mil professores de Química, Física e Biologia, mas ninguém discute se elas são ou não disciplinas necessárias", compara.

Política e Estado X Política de Governo
Há uma questão fundamental em toda esta discussão: até quando a Educação será refém das "vontades" de determinados governantes? Quando a ditadura militar excluiu estas disciplinas do Ensino Médio, não o fez porque estas não eram importantes para o currículo dos alunos. Tomou esta decisão pois ela atendia a um projeto político-ideológico. Assim, para especialistas, estabelecer a reintegração destas matérias através de uma legislação específica é o caminho mais indicado pois faz com que elas dêem ao sistema uma característica de continuidade - e não reflita o continuísmo de um determinado pensamento. "Tradicionalmente, no Brasil, a Educação é um problema de governo. O que batalhamos sempre é que passe a ser uma questão de Estado, como agora é a economia. Educação, saúde e segurança não podem estar atrelados apenas a governos. Tem que ser discutido pelo estado, não por facções político-ideológicas", explica a professora da Faculdade de Educação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Íris Rodrigues. "Não sou a favor nem contra nenhuma dessas correntes. O problema é que, muitas vezes, no auge das lutas ideológicas, elas deixam medidas importantes de lado por esses debates. É por isso que batalhamos, arduamente, para que a Educação seja vista como uma política de Estado." Mesmo neste sentido, o processo para estruturação da proposta foi longo e polêmico. Muito foi discutido sobre a maneira de implantar as disciplinas e mesmo se elas seriam úteis para os jovens do Ensino Médio. "Não foi fácil o trabalho, foi um processo penoso. Mas conseguimos e todos os protagonistas do sistema educacional do Brasil precisam aproveitar esta possibilidade de transformação que a resolução traz", diz o membro do CNE.
"A filosofia já foi reintroduzida pelo governo do Rio de Janeiro em 1986. A Filosofia e a Sociologia são atividades para a formação da cidadania, mas estava faltando uma regulamentação para o Ensino Médio", diz Íris. "Essa é uma luta nossa desde que terminou a ditadura. Começamos a batalhar pela introdução da Filosofia no Ensino Médio e prosseguimos na luta para que houvesse uma regulamentação. E essa norma, que é necessária, vem pela legislação complementar que está saindo agora."
Dificuldades - Naturalmente, este não será um processo simples. Embora, segundo estudo do CNE, 17 estados já tenham as disciplinas em suas grades, eles estão em fases distintas de implantação. Em São Paulo, por exemplo, as aulas de Filosofia são obrigatórias para a primeira e segunda série do Ensino Médio e opcional para a terceira série tanto no diurno quanto no noturno. Quanto à Sociologia, a disciplina é optativa no 3º ano do Ensino Médio. E outros estados, no entanto, elas fazem parte da matriz curricular, mas não como matérias isoladas. Outro problema que se apresenta é o de falta de professores - que deve promover o impacto mais imediato. Para Callegari, as instituições de Ensino Superior terão papel decisivo nesta fase de adaptação. "É preciso um esforço grande das universidades públicas e particulares na composição de material didático. Há, por exemplo, o problema na formação inicial destes professores licenciados em filosofia e sociologia. Muitos, por estarem fora do magistério, terão de ser atualizados. Não é só conteúdo. É forma. Mas existem professores muito bem preparados para isso, o Brasil possui realmente excelentes docentes", afirma.
Para o coordenador do curso de Filosofia da unidade de Marília da UNESP (Universidade Estadual Paulista), Ricardo Monteagudo, o problema é grave, sim, mas a demanda será suprida pelo próprio "aquecimento" que a decisão vai provocar nestas áreas. "É um problema muito grave em curto prazo. Provavelmente essa demanda vai ser suprida, em parte, por padres e profissionais formados em outras áreas, como Direito e História. Mas agora teremos que aguardar as pessoas se formarem e chegarem ao mercado de trabalho", diz. "No entanto, é preciso lembrar que a não obrigatoriedade não provocou nenhuma iniciativa mais intensa nesse sentido. Agora, com a obrigatoriedade, é possível que tenhamos incentivos mais fortes, com processos mais planejados."


http://www.seednet.mec.gov.br/noticias.php?codmateria=1850

Sociologia

Introdução

A sociologia constitui um projeto intelectual tenso e contraditório. Para alguns representa uma poderosa arma a serviço dos interesses dominantes, para outros ela é a expressão teórica dos movimentos revolucionários.

Ciência que estuda o comportamento da sociedade em geral e busca uma perfeita organização na vida social. Neste trabalho relaciono o que ela representa, o que busca compreender e a base de seu surgimento; como também a lista de alguns sociólogos e um pouco de suas respectivas teorias, e como a sociologia influência outras ciências explicando procedimentos observados na sociedade, fazendo parte de estudos de ciências como: Filosofia, Antropologia, Economia e Psicologia.

O que é Sociologia?

No contexto atual de importantes e aceleradas transformações que atravessam as sociedades, a sociologia, na qualidade de disciplina científica, estuda sistematicamente as relações sociais que se desenvolvem entre os indivíduos, os grupos e as instituições sociais. Elaboram-se modos de conhecimento sobre as sociedades contemporâneas, analisando-se, em especial, os múltiplos processos de relacionamento humano, as formas de organização social e as dinâmicas da mudança social.

Face à complexidade da própria realidade social, a sociologia especializa-se em diferentes domínios como, por exemplo, o político, o território e o ambiente, a educação, a família e a saúde, o trabalho e as organizações, a comunicação e a cultura, o desenvolvimento, a saúde e as religiões. Equacionam-se sociologicamente questões como o Estado e políticas sociais, o desenvolvimento econômico e social, a governabilidade, participação política e cidadania, os movimentos e lutas sociais, o ambiente, emprego e qualificações profissionais, as desigualdades sociais, a ciência e educação, a incerteza e risco sociais, a população, urbanização e movimentos migratórios, a etnicidade, o gênero, sexualidade e afeitos, o consumo nas modernas economias, as práticas culturais, os novos modelos familiares, as identidades sociais, as novas pandemias ou ainda os fenômenos ligados à exclusão social.

A Sociologia pertence a um grupo do que se convencionou chamar por Ciências Sociais. Ao lado de Ciências como a Economia, Antropologia, Ciência Política, História, dentre outras, procura pesquisar e estudar o comportamento social humano em suas mais variadas formas de organização e conflito, que genericamente, poderíamos dizer que seja esse o seu objeto de foco. Não há uma divisão exata entre o objeto destas Ciências, os complexos fenômenos da vida em grupo, em sociedade; freqüentemente utiliza-se de conceitos que perpassam por todas elas. No entanto, cada uma possui métodos e busca objetos específicos.

Há milhares de anos procura-se compreender a vida em grupo. Várias foram as maneiras inventadas pela raça humana. Desde a fantasia e a imaginação, fruto de uma postura mítica, passando pela Filosofia e pela dogmática religiosa. Não é raro encontrarmos, ainda hoje, presente em determinados grupos sociais, heranças destas posturas milenares que visavam mais propor ou impor normas para uma sociedade ideal, do que a pesquisa e o estudo propriamente ditos.

Depois de tantas tentativas de compreender a realidade surge, no século 19, a Sociologia. Credita-se a Augusto Comte (1798-1857) a invenção e o uso pela primeira vez da palavra, em seu curso de Filosofia Positiva, em 1839. No entanto, foi com Émile Durkheim (1858-1917) que a sociologia ganha o “status” de Ciência, academicamente reconhecida.

Hoje, poderíamos dizer que existem duas grandes escolas do pensamento sociológico: O Estrutural-Funcionalismo e a do Conflito.

A escola Funcionalista, de forte influenciação Durkheiminiana, entende que a sociedade se assemelha a um organismo humano-biológico, ou seja, se uma das partes deste corpo (órgãos) não está bem, o todo também não estará bem. Está implícito aí que todos os participantes de uma sociedade devem agir do mesmo modo, as normas devem ser compartilhadas por todos. Quem eventualmente não agir como o grupo age é desviante, sofre sanções.

Já a escola do Conflito, procura olhar para a sociedade, levando-se em conta suas contradições. Aqui o “organismo” não adoece, pode perfeitamente ter problemas em suas partes (órgãos) uma vez que entende que o conflito, o choque normativo, é o que move os grupos de uma dada sociedade historicamente constituída.

Ainda a escola do Conflito não perde de vista que todas as sociedades conhecidas são estratificadas, daí o conceito de mudança social permanente estar presente como um fato, fruto da observação, conceito este não pensado a contento na escola Funcionalista/Durkheiminiana. O conceito de mudança social, dialético portanto, como uma dinâmica natural dos grupos, entende que tanto a desigualdade social, como o idioma, são dados estruturais das sociedades que ao longo da história tem sofrido mutações constantes, respeitadas as características de cada cultura, em momentos históricos específicos.

Desta forma, hoje, o grande desafio da Sociologia, além da objetividade científica em seus estudos, é o de contribuir para reinventarmos a civilização, pois esta, desigual e injusta que está posta, é insustentável.

A Sociologia não é matéria de interesse apenas de sociólogos. Cobrindo todas as áreas do convívio humano - desde as relações na família até a organização das grandes empresas, desde o papel da política na sociedade até o comportamento religioso -, a Sociologia interessa de modo acentuado a administradores, políticos, empresários, juristas, professores em geral, publicitários, jornalistas, planejadores, sacerdotes, mas, também, ao homem comum. A Sociologia não explica nem pretende explicar tudo o que ocorre na sociedade nem todo o comportamento humano. Muitos acontecimentos humanos escapam aos seus critérios. Ela toca, porém, em todos os domínios da existência humana em sociedade. Por esta razão, a abordagem sociológica, através dos seus conceitos, teorias e métodos, pode constituir para as pessoas um excelente instrumento de compreesão das situações com que se defrontam na vida cotidiana, das suas múltiplas relações sociais e, conseqüentemente, de si mesmas como seres inevitavelmente sociais.

Atualmente, ela estuda organizações humanas, instituições sociais e suas interações sociais, aplicando mormente o método comparativo. Esta disciplina tem se concentrado particularmente em organizações complexas de sociedades industriais.

Ao contrário das explicações filosóficas das relações sociais, as explicações da Sociologia não partem simplesmente da especulação de gabinete, baseada, quando muito, na observação casual de alguns fatos. Muitos dos teóricos que almejavam conferir à sociologia o estatuto de ciência, buscaram nas ciências naturais as bases de sua metodologia já mais avançada, e as discussões epistemológicas mais desenvolvidas. Dessa forma foram empregados métodos estatísticos, a observação empírica, e um ceticismo metodológico a fim de extirpar os elementos "incontroláveis" e "dóxicos" recorrentes numa ciência ainda muito nova e dada a grandes elucubrações. Uma das primeiras e grandes preocupações para com a sociologia foi eliminar juízos de valor feitos em seu nome. Diferentemente da ética, que visa discernir entre bem e mal, a ciência se presta à explicação e à compreensão dos fenômenos, sejam estes naturais ou sociais.

Como ciência, a Sociologia tem de obedecer aos mesmos príncipios gerais válidos para todos os ramos de conhecimento científico, apesar das peculiaridades dos fenômenos sociais quando comparados com os fenômenos de natureza e, conseqüentemente, da abordagem científica da sociedade. Tais peculiaridades, no entanto, foram e continuam sendo o foco de muitas discussões, ora tentando aproximar as ciências, ora afastando-as e, até mesmo, negando às humanas tal estatuto com base na invabilidade de qualquer controle dos dados tipicamente humanos, considerados por muitos, imprevisíveis e impassíveis de uma análise objetiva.

O século XVIII pode ser considerado um período de grande importância para a história do pensamento ocidental e para o início da Sociologia. A sociedade vivia uma era de mudanças de impacto em sua conjuntura política, econômica e cultural, que trazia novas situações e também novos problemas. Conseqüentemente, esse contexto dinâmico e confuso contribui para eclodirem duas grandes revoluções – a Revolução Industrial, na Inglaterra e a Revolução Francesa

A tarefa que os fundadores da sociologia assumem é, portanto, a de estabilização da nova ordem. Comte também é muito claro quanto a essa questão. Para ele, a nova teoria da sociedade, que ele denominava de “positiva “ deveria ensinar os homens a aceitar a ordem existente, deixando de lado a sua negação.

Procedendo desta forma, esta sociologia inicial revestiu-se de um indisfarçável conteúdo estabilizador, ligando-se aos movimentos de reforma conservadora da sociedade. A oficialização da sociologia foi portanto em larga medida uma criação do positivismo, e uma vez assim constituída procurará realizar a legitimação intelectual do novo regime..

Comparação com outras Ciências Sociais

No começo do século XX, sociólogos e antropólogos que conduziam estudos sobre sociedades não-industrializadas ofereceram contribuições à Antropologia. Deve ser notado, entretanto, que mesmo a Antropologia faz pesquisa em sociedades industrializadas; a diferença entre Sociologia e Antropologia tem mais a ver com os problemas teóricos colocados e os métodos de pesquisa do que com os objetos de estudo.

Quanto a Psicologia social, além de se interessar mais pelos comportamentos do que pelas estruturas sociais, ela se preocupa também com as motivações exteriores que levam o indivíduo a agir de uma forma ou de outra. Já o enfoque da Sociologia é na ação dos grupos, na ação geral.

Já a Economia diferencia-se da Sociologia por estudar apenas um aspecto da integração social, aquele que se refere a produção e troca de mercadorias. Nesse aspecto, como mostrado por Karl Marx e outros, a pesquisa em Economia é frequentemente influenciada por teorias sociológicas.
Por fim, a Filosofia social procura generalizar as explicações e procedimentos observados na sociedade, tentando construir uma teoria que possa explicar inclusive as variâncias no comportamento social; a Sociologia, por sua vez, é mais específica no tempo e no espaço.

Lista de alguns sociólogos e suas teorias

· Alain Touraine (Hermanville-sur-Mer, 3 de agosto de 1925) é um sociólogo francês. Tornou-se conhecido por ter sido o pai da expressão "sociedade pós-industrial". O seu trabalho é baseado na "sociologia de acção"; ele acredita que a sociedade molda o seu futuro através de mecanismos estruturais e das suas próprias lutas sociais.
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Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858 — Paris, 15 de novembro de 1917) É reconhecido amplamente como um dos melhores teóricos do conceito da coerção social. Partindo da afirmação de que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas", forneceu uma definição do normal e do patológico aplicada a cada sociedade, em que o normal seria aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de terem uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir a realização desse, desde que consiga integrar-se a essa estrutura. Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o aparecimento de uma solidariedade entre seus membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade da sociedade, a norma moral tende a tornar-se norma jurídica, pois é preciso definir, numa sociedade moderna, regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam do trabalho coletivo (preponderância progressiva da solidariedade orgânica).
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Georg Simmel (Berlim, 1 de Março de 1858 — Estrasburgo, 28 de Setembro de 1918) foi um sociólogo alemão. Simmel foi um dos sociólogos que desenvolveu o que ficou conhecido como micro-sociologia, uma análise dos fenômenos no nível micro da sociedade. Simmel desenvolveu uma tradição conhecida como Formalismo, que estabelece como prioridade o estudo das formas. O pensador alemão fazia uma distinção entre formas e conteúdos, indicando que, a partir do estudo das formas, seria possível entender o funcionamento da vida social.
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Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi um intelectual alemão considerado um dos fundadores da Sociologia. A relação da produção da vida prática e material para com as idéias não é, porém, determinística e reducionista como à primeira impressão pode parecer; existe uma relação dialética entre essas duas entidades. Marx tinha um pensamento prático e político que muitos entenderam como sendo um método a determinar a realidade, chamando-o de materialismo histórico e dialético, que mais tarde veio a ser denominado de marxismo. Além disso, os estruturalistas, que passaram a ler os escritos de Marx segundo uma visão estruturalista segundo a qual com os homens seriam apenas apêndices das estruturas econômicas, e não criadores diretos destas. Como colocado por Lukács já na década de 1920, a metodologia marxista vê na ciência social uma totalidade, onde se a Economia organiza a tessitura básica da vida social - a "determinação em última instância", dizia Engels - a Política e a Cultura, por sua vez, contribuem para estabelecer as formas históricas de gestão econômica, e, portanto, agem decisivamente sobre a organização material da Sociedade.

Emil Maximillian Weber (Erfurt, 21 de Abril de 1864 — Munique, 14 de Junho de 1920) foi um intelectual alemão e um dos fundadores da Sociologia. A ação racional com relação a um objetivo é determinada por expectativas no comportamento tanto de objetos do mundo exterior como de outros homens e utiliza essas expectativas como condições ou meios para alcance de fins próprios racionalmente avaliados e perseguidos. É uma ação concreta que tem um fim especifico, por exemplo: o engenheiro que constrói uma ponte.
· Herbert Spencer (27 de Abril de 1820 — 8 de Dezembro de 1903) foi um filósofo inglês e um dos representantes do positivismo. Para Spencer, a filosofia deve ser muito precisa quanto a evolução e esclarecer, com base nela, os mais variados problemas. Acreditava também que a evolução é um princípio universal que opera sempre. Spencer foi o principal teórico do Darwinismo social, através do qual procurou justificar o Imperialismo europeu com base em uma suposta superioridade racial.
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Pierre Bourdieu (Denguin, 1 de agosto de 1930 — Paris, 23 de janeiro de 2002) foi um importante sociólogo francês. O mundo social, para Bourdieu, deve ser compreendido à luz de três conceitos fundamentais: campo, habitus e capital.
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Pierre-Jouseph Proudhon (15 de Janeiro de 1809, Besançon, França - 19 de Janeiro de 1865, Paris, França) Acabou sendo um dos que iniciaram a propor uma ciência da sociedade. Segundo Proudhon, o homem deveria abandonar sua atual condição econômica e moral, pois leva à desarmonia humana, nessa sujeição de homens feita pelos homens. A nova sociedade devia ser apoiada no mutualismo, pois seria uma cooperação livrada por associações, eliminando o poder coercitivo do Estado. Entende-se, também, o absolutismo do indivíduo, pois é responsável pela arbitrariedade e a injustiça. Para ele deveria ter tido uma continuação da revolução, já que tinha conseguido destruir o feudalismo. Nessa sociedade moderna deve existir uma resistência por parte dos indivíduos ao capitalismo (que começa a dar seus primeiros passos), pois seria o responsável pela criação da propriedade privada. Ele ainda defende a anarquia positiva, no qual descarta a Igreja e o Estado, assim acabará indo contra as idéias de Marx sobre o comunismo. Proudhon viu o comunismo como sendo algo utilizado para controlar os homens e eliminar a igualdade, pois são feitos concretos, fundados na liberdade, onde cada uma das partes tome seu interesse e o poder coercitivo do estado seja inútil.
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Celso Monteiro Furtado (Pombal, 26 de julho de 1920 — Rio de Janeiro, 20 de novembro de 2004) foi um importante economista brasileiro e um dos mais destacados intelectuais do país ao longo do século XX. Suas idéias sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento divergiram das doutrinas econômicas dominantes em sua época e estimularam a adoção de políticas intervencionistas sobre o funcionamento da economia.
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Fernando Henrique Cardoso (Rio de Janeiro, 18 de junho de 1931) Como sociólogo, FHC escreveu obras importantes para a teoria do desenvolvimento econômico e das relações internacionais. Sua teoria sugere que os países subdesenvolvidos devam se associar entre si, buscando um caminho capitalista alternativo para o desenvolvimento, livrando-se da dependência das grandes potências. FHC era contrário à tese de que os países do terceiro mundo se desenvolveriam só se tivessem uma revolução socialista.
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Raymundo Faoro (Vacaria, RS, 27 de abril de 1925 — Rio de Janeiro, 15 de maio de 2003) Nesta sua concepção de Estado patrimonialista, Faoro coloca a propriedade individual como sendo concedida pelo Estado, caracterizando uma "sobrepropriedade" da coroa sobre seus súditos e também este Estado sendo regido por um soberano e seus funcionários. O autor assim nega a existência de um regime propriamente feudal nas origens do Estado brasileiro. O que caracteriza o regime feudal é a existência da vassalagem intermediando soberano e súditos e não de funcionários do estado, como pretende Faoro.

Conclusão

A Sociologia, através de seus métodos de investigação científica, procura compreender e explicar as estruturas da sociedade, analizando a relações históricas e culturais criando conceitos e teorias a fim de manter ou alterar as relações de poder nela existentes.


Bibliografia

http://viasantos.com/pense/arquivo/0020.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia
MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 38. ed. São Paulo : Brasiliense,
1994. (Primeiros Passos : 57)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia
http://www.mundociencia.com.br/sociologia/sociologia.htm
http://www.vestibular1.com.br/revisao/r_sociologia.htm